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O homem mais sexy do mundo segundo a Revista People.

30 janeiro 2006

Roteiro de um Curta

Hoje eu vou brincar um pouco, variar um pouco. Tive uma idéia e decidi escrever um roteiro para um filme curta-metragem!
Nada muito pretensioso, até porque nem imagino como seja o formato que se escreve um roteiro, mas vou tentar passar a idéia do que eu quero. Espero que entendam.


- sem título -

Cena 1: Volta para casa
A camêra mostra um cara andando pela rua, movimentada, barulhenta. Mas só o barulho natural, sem evidenciar buzinas e etc. Não há música de fundo. Ele tem por volta de 30 anos, de uma beleza simpática, veste-se casualmente. O dia está bastante bonito, ensolarado. A rua está movimentada mas não muito cheia. Ele passa por um trio de cordas (preferencia pessoal, mas pode ser um coral, o importante é que seja uma música bonita, sonora, que preencha o ambiente), para um pouco, observa, sorri e continua andando. A música então continua sendo ouvida. Não mais como vinda dos musicos de rua, mas do ambiente, como trilha sonora de sua caminhada. A camêra fica alternando entre uma visão em terceira pessoa e em primeira pessoa.
Ele segue andando pela rua, passeando, feliz e tranquilo. Para em uma barraca de flores e conversa com a vendedora, uma mulher de voz bonita:
Moça das flores: Bom dia
A música diminui para se ouvir o diálogo mas não some, continua ao fundo.
Protagonista: Sim, é um bonito dia. Bonitas flores também. Quero levar algumas para alguém especial.
Moça das flores: Fique a vontade. Quer montar um bouquet de rosas?
A imagem fica em 3 vasos, com diferentes tipos de cravos, de variadas cores.
Protagonista: Gostei desses cravos. Pode...
Ele mesmo retira alguns cravos dos vasos, escolhendo os amis bonitos, de cores variadas, mas na maioria brancos. E passa à moça.
Protagonista: ...pode fazer um arranjo simples com esses?
Moça das flores: Claro, senhor.
Ela some por trás da barraca com as flores, a música aumenta de novo, ele espera, olhando as horas no celular, já tira a carteira do bolso e fica observando as outras flores.
A moça volta com um pequeno e discreto bouquet com as flores que ele escolheu. Sem que a música diminua de novo, sendo que mal se pode ouvir o diálogo final entre os dois, ele pergunta:
Protagonista: Quanto deu?
Moça das Flores: 9 reais, senhor.
Ele lhe passa uma nota de dez reais, guarda a carteira e diz, simpático:
Protagonista: Fica por dez.
Ela sorri e rapidamente puxa mais um cravo branco e dá a ele. Ele agradece e continua a andar. O bouquet na mão esquerda e o cravo avulso na mão direita. Ele brinca com o cravo. Cheira, gira, mas sempre sem olhar para o cravo. Ele fica olhando para a rua e para o bouquet apenas.
Ele segue mais um pouco andando pela rua, a camêra ainda alternando entre primeira e terceira pessoa. A música do trio de cordas ainda acompanhando.
Ele entra numa porta, dessas de pensão, aquelas portas duplas, altas, antigas, de madeira. A partir desse momento, aparecem flashes intercalados à imagem dele subindo as escadas, com 4 ou 5 tomadas da cozinha do apartamento dele. A primeira bem aberta, pegando grande parte da cozinha, inclusive o fogão, com uma panela em cima e o butijão de gás ao lado. Então a câmera vai fechando mais a cada tomada em direção ao butijão. Como uma foto onde se vai aumentando o zoom em direção ao butijão. Ná ultima tomada é um close da saída de gás, com uma mangueira bem velha e forçada a se dobrar.
Voltando ao protagonista subindo as escadas. É um lugar antigo mas muito bem cuidado, ele sobe alguns lances de uma escada de madeira. Passa por umas duas portas de apartamentos vizinhos. Quando vai chegando na terceira porta, ele já tira a chave do bolso e olha para a porta. No momento em que ele olha para a porta, com a camera em primeira pessoa, uma explosão ensudercedora (literalmente como veremos a seguir) no apartamento, faz a porta voar. Ouve-se um barulho exageradamente alto. É uma explosão para causar surpresa, choque, até susto. Vê-se a porta voando e estourando contra a parede, um clarão. Close no rosto dele, fechando os olhos em câmera lenta. E a claridade envolve ele. Não há mais música. Não há mais som algum. Apenas um clarão. Ele ficou surdo.
Cena 2: Quarto do hospital
A partir desse momento não há mais NENHUM som no filme. Nem sonoplastia, nem musica de fundo, nada. A idéia é transmitir a sensação do protagonista em ter ficado surdo.
O clarão diminui um pouco, em primeira pessoa, ele vê o médico e uma moça muito bonita conversando, um de cada lado de sua cama de hospital. Ele não vê nitidamente, e apenas os vê (lógico, sem ouvir nada) conversando sem olhar para ele:
Médico: Ele teve sorte. A explosão foi muito forte, ele teve poucas queimaduras para uma explosão daquelas. Temos muitos casos graves por causa de butijão de gás por aqui.
Moça bonita: Ele nunca mais vai poder ouvir?
Médico: Infelizmente é muito pouco provável. O buraco no tímpano foi muito grande, não acho que possa regenerar.
Não se ouve nada do diálogo, mas pode vê-los conversando. Mas sem evidenciar os lábios para forçar a leitura labial. Não é necessário que se saiba o que conversaram. A moça bonita olha para o protagonista e percebe que ele está acordando. O médico também. Ela leva a mão ao rosto do protagonista, mas nisso o clarão volta e não se vê nada. Ele apaga de novo. Toda essa cena é em primeira pessoa.
Cena 3: Vida surda
Na verdade é uma colagem de várias cenas da vida dele, agora sem nenhum som. Por isso não vou mais separar em cenas, afinal ninguém vai filmar mesmo. :)
Mostra um close do rosto dele. Ele olhando fixo para algum lugar, prestando atenção em algo. A câmera vai abrindo e vê-se que ele está num parque, sentado na grama, um dia de sol, e o parque está lotado. Muita gente em volta dele, crianças brincando, E sempre sem nenhum som. Ele está olhando para um pequeno grupo de jovens, conversando animadamente, com algumas cervejas e mexendo em um rádio. Como que conversando sobre a musica que está tocando. Eles mexem no volume, olham a caixinha do CD, etc.
Ele levanta e sai andando, saindo do parque. Concentrado, sério, distante. Chega em um pequeno sobrado, entra. Encontra a mãe na cozinha. Ela vira já começando uma frase e para de repente. Triste. Ela aponta para a mesa servida para 3 e ele acena com a cabeça. Ele vai para um quarto, ainda meio desarrumado e com vários remédios, faixas e esparadrapos numa mesinha.
No seu quarto há 2 ou 3 arranjos de flores, ele senta na cama, olha atentamente para um deles e retira uma flor do vaso. Um cravo branco. Ele sorri, os olhos se encham de agua e ele deita. Fecha os olhos. A tela escurece. A musica do trio de cordas volta a tocar baixinho. Mas no momento em que se começa a reparar na musica ele abre os olhos repentinamente, volta a mostrar o rosto dele e a musica some. Volta a ficar sem som algum.
Ele levanta, desce, come. O pai e a mãe estão a mesa e não há nenhuma conversa durante todo o almoço. Ele com e sai para a rua. Na rua ele retira o cravo branco de dentro do bolso e cheira. E sai andando, segurando casualmente o cravo, sem dar maior atenção. Toda essa cena deve levar alguns minutos, no menor numero de planos possivel. Não deve passar muito rápido. Deve passar a sensação de uma vida sem sons.
Ele volta ao parque, alheio a todo mundo, escolhe um lugar qualquer na grama e senta. Com o cravo no colo. Ele se concentra um pouco. Close no rosto dele. Ele deita, com o cravo sobre o peito e fecha os olhos. A tele escurece. A música do trio de cordas vai aparecendo. Ele vai adquirindo uma expressão tranquila, até um leve sorriso.
Então mostra ele lembrando do começo do dia da explosão, antes de onde começa o filme. Ele está em casa, fechando uma caixa de papelão. Conversando com a esposa (não ouve-se o diálogo, continua-se ouvindo apenas a música), a esposa esta cozinhando, desliga o fogo de uma panela. E quando ele sai, carregando a caixa, a esposa vai para a sala. Fica uma tomada igual a primeira tomada da cena em que há a explosão. A cozinha vazia, com uma panela em cima do fogão e o butijão ao lado.
Ele sai carregando a caixa, anda um pouco e entra no sobrado da mãe. Deixa a caixa na mesa da cozinha, grita alguma coisa e sai de volta. Anda um pouco e aí volta a aparecer a primeira cena, ele voltando para casa, parando no trio de cordas, na moça das flores, etc. A música do trio de cordas sempre tocando.
Antes de ele chegar na porta dupla da entrada da pensão onde mora, ele abre os olhos. A musica para. Volta o silencio total. Ele se levanta, sai do parque, anda por algumas ruas diferentes. Sério.
A camera passa a acompanhar bem de perto apenas o rosto dele, assim não se percebe quando ele entra num cemitério. Ele caminha um pouco, a camera no seu rosto. Ele para, olha para baixo. Triste. Fecha os olhos, a tela escurece, a musica volta. Então volta a lembrança da primeira cena, de onde parou a ultima lembrança. ele está chegando em casa, a porta dupla, ele subindo as escadas. Aí, antes da explosão, mostra uma cena nova. A mulher volta para a cozinha, vai ao fogão, liga o gás de uma das bocas, pega uma caixa de fosforo. Mostra em close, ela riscando um fósforo. Ele abre o olho. A musica para. E mostra que ele está em frente a um tumulo, o tumulo da esposa. Ele deita no chão mesmo, de lado, coloca o cravo no chão, fica olhando para ele e fecha os olhos. A tela escurece, a musica volta e os creditos sobem.

FIM! :)

Pronto. Não é lá uma historia com começo, meio e fim, mas acho que
fica boa num curta! Que tal, Fiori?

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Que triste.
Ficar surdo (e de quebra, viúvo)realmete deve ser uma merda, por falta de um palavrão melhor. Só de ler me dá arrepios.
Mas gostei, gostei. Daria sim um bom curta, filmado como vc descreveu, e eu imaginei...
kisses, kisses

31 janeiro, 2006 11:09  
Anonymous Anônimo said...

oi amor, gosto mais de "Mulher de nome forte", eh assim mesmo que se escreve um roteiro. Mas, a maioria das suas historias são roteiros sem roteiros, mas esse eh roteiro sem historia. Falta enrredo, mas muito bem escrito. Da proxima vez que quiser escrever roteiro, tente o seguinte: veja se a história funciona sem roteiro e se o roteiro funciona sem historia(o caso desse), dai vai estar perfeito. Vc eh ótimo e eu te amo...
beijão nessa bunda que vc tem tanto orgulho!

31 janeiro, 2006 19:04  
Anonymous Anônimo said...

Gostei de seu roteiro e estou disposto a filma-lo!

Responda para estudio@conexaobrasil.co.cc para autorizar o uso do roteiro.


Muito Obrigado!

Paulo H.
Presidente Conexão Brasil

14 julho, 2011 21:04  

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